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Foto do escritorDr. Mário Vasconcelos

Transtorno Depressivo Maior

INTRODUÇÃO

Depressão é um transtorno do humor que acomete cerca de 5,8% dos brasileiros, principalmente do sexo feminino entre 20 e 40 anos de idade. A combinação de fatores ambientais e individuais, associados à predisposição genética, pode levar ao surgimento da doença. Além dos sintomas extremamente desgastantes para o paciente, a depressão traz prejuízos à vida pessoal, social e profissional do indivíduo. Ainda é muito confundida com sentimentos como a tristeza e ansiedade. Tristeza é um sentimento desagradável que todo ser humano irá experimentar algumas vezes na vida em resposta a algum acontecimento negativo como perda de emprego, perda de pessoas, discussões com amigos, etc. Já depressão é uma doença e está associada a diversos outros sinais e sintomas físicos, cognitivos e prejuízo funcional que duram pelo menos 2 (duas) semanas consecutivas. Está relacionada a diversos desfechos negativos, aumentando o risco de desenvolver outras doenças clínicas como hipertensão, obesidade, diabetes, entre outras. Apesar de ser um problema grave de saúde pública e de apresentar boa resposta ao tratamento, apenas 50% dos casos são diagnosticados e uma porcentagem ainda menor recebe tratamento realmente eficaz pelo tempo necessário. É muito comum o paciente iniciar o tratamento e, com a melhora dos sintomas, pará-lo. Essa interrupção do tratamento é um grande motivo para novos episódios depressivos, necessidade de polifarmácia (vários remédios), episódios mais difíceis de tratarem, entre outros desfechos negativos.

FATORES DE RISCO

Muitas vezes o paciente não conseguirá identificar o motivo para aquele quadro depressivo, mas algumas vezes a depressão começa após uma separação, perda de alguém querido, perda de emprego, etc. Esse conceito que depressão não tem motivo é muito errôneo. Também não podemos dizer que a perda de alguém ou algo irá levar a depressão, já que após esses fatos é normal o ser humano passar por um momento de luto.

É importante ainda diferenciar a depressão do luto, por isso, a necessidade se de procurar um profissional para o diagnóstico correto.

  • História familiar de depressão em parente de primeiro grau (pais, filhos, etc);

  • Transtornos psiquiátrico comórbido (Ansiedade, TOC, TEPT, transtorno de personalidade, etc.)

  • Doenças clínicas crônicas (cardiovascular, endocrinológicas, neoplasias, etc.)

  • Alterações hormonais;

  • Experiências adversas na infância (Negligência, abuso físico, sexual ou psicológico);

  • Traumas psicológicos;

  • Conflitos conjugais ou familiares;

  • Dependência de álcool ou outras substâncias psicoativas;

  • Perda de condições financeiras e desemprego.


SINTOMAS

As pessoas com depressão experimentam uma sensação de tristeza e melancolia muitas vezes sem motivos aparentes. A vida torna-se sem graça, como se tudo estivesse em um filme em câmera lenta e/ou “preto e branco”, onde nada traz prazer, empolgação ou alegria.

Os dias vão passando e uma sensação de desesperança toma conta do paciente, que acha que aquela angustia e sofrimento jamais irão passar. Geralmente, a manhã é o período mais difícil, o paciente acorda muito cedo, não consegue voltar a dormir e permanece com uma mistura de sentimentos desagradáveis, sem conseguir reagir ou levantar da cama para fazer praticamente nada, como se um íma o puxasse para cama.

A pessoa pode passar o dia inteiro sozinha, sem conversar com ninguém e sem querer receber visitas, se isolando até mesmo dos próprios familiares.

A angústia é tão grande que chega a pensar em tirar a própria vida. E é esse um dos pontos que TODOS NÓS deveríamos prestar atenção, já que 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DSM-5

  • Humor deprimido (tristeza profunda);

  • Perda de prazer por coisas que antes eram realizadas com entusiamo;

  • Desesperança e sentimentos negativos;

  • Insônia ou hipersonia;

  • Alteração do apetite;

  • Falta de energia ou fadiga;

  • Dificuldade de se concentrar ou tomar decisões;

  • Pensamentos recorrentes de morte ou ideação/tentativa de suicídio;


COMPROMETIMENTO PESSOAL

Depressão é uma doença grave com grande comprometimento interpessoal, funcional e emocional. Pessoas deprimidas não conseguem trabalhar ou têm um rendimento inferior ao esperado. Também não conseguem render adequadamente nos estudos, o que lhes causam atrasos ou reprovações. Suas relações se desgastam, parte por não entenderem que aqueles sintomas são parte de uma doença e parte pelo isolamento social. É comum as pessoas se afastarem de pessoas deprimidas, por acharem que elas são tóxicas, não entendendo que aquele comportamento faz parte de uma doença e que deve ser tratada. Nesse momento, a ajuda familiar e/ou social é fundamental.

É muito importante que o paciente passe por uma avaliação psiquiátrica para iniciar o tratamento adequado e que sua família seja orientada em relação aos cuidados necessários nesse momento tão difícil.

Depressão tem tratamento e quanto mais cedo for instituído, melhor será a resposta, menor será o risco de suicídio e mais prontamente será devolvida a qualidade de vida do paciente e da sua família.


TRATAMENTO

O tratamento da depressão pode ser feito com psicoterapia, atividade física e/ou medicamentos, sendo os dois primeiros imprescindíveis para o sucesso do tratamento. Apenas casos de moderados a graves ou onde essas psicoterapia e atividade física não obtiveram sucesso, haverá necessidade de introdução de medicação. Os medicamentos mais utilizados são os chamados popularmente de antidepressivos (Fluoxetina, Sertralina, Fluvoxamina, Escitalopram, Citalopram, Paroxetina, Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina, Amitriptilina, Clomipramina, Imipramina, Nortriptilina, Vortioxetina, Bupropiona, Trazodona e Mirtazapina).

Existem várias classes de antidepressivos e nós, médicos, evitamos o termo antidepressivos e usamos a classe da medicação:

  1. Inibidor Seletivo de Recaptação de Serotonina (ISRS):

    1. Fluoxetina 20mg a 60mg

    2. Escitalopram 10mg a 20mg

    3. Citalopram 20mg a 40mg

    4. Fluvoxamina 50mg a 300mg

    5. Sertralina 50mg a 200mg

    6. Paroxetina 20mg a 60mg

  2. Inibidor de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN):

    1. Venlafaxina 75mg a 225mg

    2. Desvenlafaxina 50mg a 200mg

    3. Duloxetina 60mg a 120mg

  3. Antidepressivos Tricíclicos (ATC):

    1. Amitriptilina 75mg a 150mg

    2. Nortriptilina 50mg a 150mg

    3. Imipramina 75mg a 200mg

    4. Clomipramina 75mg a 150mg

  4. Inibidor de Recaptação de Noradrenalina e Dopamina:

    1. Bupropiona 150mg a 300mg

  5. Outros

    1. Vortioxetina 10mg a 20mg

    2. Mirtazapina 15mg a 45mg

    3. Agomelatina 25mg a 50mg

    4. Trazodona 150mg a 300mg

O tratamento precoce, com medicação, dose e tempo de duração corretos são importantes fatores protetores para o surgimento de novos episódios depressivos no futuro e para devolver a qualidade de vida ao paciente e seus familiares. É muito comum o paciente sentir-se bem, abandonar o tratamento e algumas semanas depois apresentar recidiva dos sintomas.

Pessoas que iniciam um quadro depressivo muito cedo na vida (geralmente na adolescência são muito graves), ou que já apresentaram vários episódios depressivos, alteração do ciclo sono-vigília, comorbidades psiquiátricas, história de transtornos psiquiátricos na família e baixo suporte social poderão apresentar um prognóstico pior e, talvez, precisem tomar a medicação por um tempo mais prolongado (24 meses ou mais).

Por isso, o diagnóstico precoce e início do tratamento adequado são fundamentais para o sucesso e remissão completa da doença.


EVITE AUTOMEDICAÇÃO. PROCURE A AJUDA DE UM PSIQUIATRA DE SUA CONFIANÇA E SIGA AS RECOMENDAÇÕES, EM BREVE VOCÊ ESTARÁ MELHOR.



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